Todas as manhãs contávamos chaminés. Percorríamos extensos territórios molhados, repletos de pequenos oceanos aos quais chamávamos poças. Na lama reflectiam-se os espasmos industriais de fábricas em dilaceração ambiental. E nós, pequenas térmitas humanas, calculávamos em alta voz as tonalidades tóxicas das máscaras de gás.
Ao fim da tarde, cansados de brincar aos conta-chaminés, tecíamos sonhos das cascatas de pó que, como neve de laboratório, cobriam pixeis de realidade.
Depois vinham as noites outrora iluminadas. A cada uma que passava trazíamos nas contas uma chaminé a menos. Até que um dia só havia uma chaminé. A chaminé do vagão para a nossa morte.
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