terça-feira, 18 de fevereiro de 2025
Uma orla insalubre
Terminologia para um simplex. Invólocro convexo
Fachada equidistante de uma nova arquitectura
Náutica de dois polos entremarés
Mitologia chinesa: mutações
Sobre um planalto de astros, uma figura
Não posso ver
as estrelas
nem o que se esconde
no universo
não posso ver
outros planetas
Há um
fio-consciência
que me impele
a venda cai
e na revelação
obra fictícia do
que posso ver
sábado, 4 de maio de 2024
Ordenamento de território astral
Encontrei um deus no microondas
encontrei a tua mão
encontrei tudo menos o universo
Um gajo finge que move a cadeira
e os astros ordenam-se em novas formas sublimes
Volumes inebriantes para geografias opostas
Na poeira do deserto
te perdi
para sempre
Para além do Báltico
deserto em chamas
ruína fervilhante
neblina persa
Um presságio atravessou-me a mente
e um pássaro fez o ninho
descalço e intrépido
colocou raízes nas pontas
domingo, 28 de abril de 2024
Curtas numa noite nuclear
Num aglomerado estratégico
lã, cabelo
esmeralda, topázio
enquanto vias curtas metragens
As sombras dizimadas acercavam-se
dos teus pés
a teus pés
astutos
repletos de mágoas perecíveis
Cobriste o corpo com os lençóis
sem perceber que já dormias
em viril dramatização
Num sacrifício platónico
a génese de uma cena atómica
domingo, 21 de abril de 2024
A fuga ou a génese de um eco cosmológico
Se num momento o tempo parasse
sabias que nos moldes
onde me encontro
haveria um espasmo
um big bang inebriante
planetas dispersos na face
E nesse espasmo um universo
nessa face oculta esferas rochosas
capa dura ad astra
capa mole celeste
abertura ao abismo
sábado, 30 de março de 2024
Planisfério geral de uma carta aos astros
Uma cena mitológica
um contratempo místico
por tempo
indeterminado ouvi
o fosso que nos
separa
Uma imagem celestial desce
sobre a copa das
árvores
e na vitrine
alternância
Debaixo da ponte
um encontro com a
morte
sábado, 22 de abril de 2023
Retrospectiva carnal
Imensas máguas
unhas e dentes cravados na carne
numa penumbra facultativa
que oscila entre pedaços de orgãos
estilhaçados plenamente.
E no fervor dos ciúmes
abres uma garrafa de espumante.
Abres o corpo aos vermes
pútridas contorções amiúdes
e uma cadeira que gira sobre si
em gotejantes farpas de níquel.
Esquartejo o que te sobra
as mãos pelos pés
a boca
uma contorção gritante.
Filamentos nevrálgicos irrompem
atravessados
por uma barreira-dinamite.
Actos contínuos.
Actos de fé
e nitroglicerina.
sexta-feira, 21 de abril de 2023
Mensagem a um destino cheio de golpes
Um flyer carregado de mentiras
apareceu curvado
no banco do jardim.
Ao longe miragens e versos.
Perto o clandestino
toque de horas mortas.
E pelas ruas segregadas
sussurravam vórtices
de amargura.
Sei que me segues no Instagram
assim como sei
que a tua casa arde
no mais violento dos incêndios.
Um manto negro sobre a Terra
Valquíria
o teu nome sabe que sobre
a soberba platina gotejante
o teu manto cruel
e insensato
valquíria, cobre o plano terreno.
E sabes que junto a uma maré
plano edificado
junto aos juncos
junto aos troncos
junto à água
que passa, lenta
ensanguentada
a espada benze
a formação tríptica
dos laços de sangue
paranormais.
Aproximas-te do feno.
Abres a boca e devoras o mundo.
sábado, 15 de abril de 2023
O sopro. Consolação
Marchas imperiais
planetas manchados de pó estelar
curvas distintas, espaço dobrado
Roma curvada sobre o templo
onde praticavas os ritos
onde os ossos te adornavam
e o vento te soprava
um odor
a morte
Pilhas de cadáveres
encontram agora a esperança
vestes-te com as suas peles
Substrato flash drive
De ventos cromados
surge um barco
uma negra vela que paira
Na libertação
um terror
e grilhões prostéticos
golfos, estranhos mares
marés de sangue
Parede sintética no oceano
corpos digitais ligados
por USB-C
Netmask alpha
Silêncio moribundo
a vida num fio da navalha
morte ensanguentada prestes a eclodir
Preso por arames
um vaso oscilante de matéria
em carne viva
em carne visceral
pedaços de vida cyborg
Ligações sub-cutâneas perfuram
uma rede neural de instintos primários
IP diluído em voláteis ideias.
sábado, 26 de março de 2022
Mandíbula de coral
Luvas descalças
um patamar de absolvição
Negras plumas invadem o espaço
a cartolina da abóbada celeste
Partiu ao longe uma caravela
murmúrios crassos
portas abertas ao declive nuclear
Surgiu pela maré um troço de
potência osciladora de neutrinos
modulações sintéticas em árvore
sobre grandes mandibulas de coral
matriz, igreja matriz de corpos
desfraldados pelo sedentário recife
cortam o que resta do compartimento das luvas
singela recta de vidas estraçalhadas
segunda-feira, 21 de março de 2022
Dominó certo, noites embebidas em formol
Traz-me o vinho
abre a garrafa
sou surdo mudo quando não
bebo o mundo e arredores
Traz-me o tinto aparece
No tilintar da garrafa
uma escrita apócrifa
taninos de horticultura
culturalmente submerso
traz-me o vinho
Lê-me poemas em voz alta
tem dó.
Banco de jardim
Rasguei os tempos na orla da Crimeia
jornais largados ao vento
escala em Berlim
supunhamos que se trata de espionagem
Arco e flecha certeiros
arco e ângulo
certa flecha
Estocolmo
Roga-me pragas, irmão
reza por mim e por ti
gaivotas depenadas e tripas
soberbas manifestações negras