Por detrás da
cidade havia outra cidade e por vezes estas cidades intercalavam-se.
Uma abraçava a outra e tudo o que continham fundia-se para dar lugar
a uma nova invenção: A continuação da sequência
aldeia-vila-cidade. Uma cidade terrivelmente extensa. Uma cidade
dentro de uma cidade.
As luzes dançavam de forma híbrida no céu
coberto de noite. Os seus habitantes sabiam que era uma espécie de
sinal. Sinal que as fusões - corpo com corpo, seres únicos
hermafroditas - os tranformariam em aberrações temporárias.
Mutações andantes com várias deformidades.
Os fumos que
povoavam os canais aquosos nas periferias do monstro cidade
tornavam-se nevoeiro denso. Dois fumos dentro de dois fumos dando
lugar a uma nova criação: Uma massa de nevoeiro irrespirável que
impedia a descoberta do segredo das cidades.
Ao longe as cidades
intercaladas não se pronunciavam na paisagem. Depois voltavam a ser
uma cidade por detrás de uma cidade. Os seus habitantes
separavam-se. E uma náusea, como desmame de uma droga, permanecia
durante dias.
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