Naquele tempo uma fuga de matéria suprimia o enfarte. Na estante Voltaire contemplava a ardósia estampada ao longo da parede. O giz escorria em nuvens de pó vitalícias. Era difícil perceber o nó que apertava o ar.
Todo aquele ruído fazia-o corar meticulosamente enquanto estudava os insectos que controlavam as ventoinhas oxigenantes. Da estante Nietzsche exigia ser lido. E ele, rarefeito, puxava o livro com mãos sísmicas, tremeluzentes na escuridão da biblioteca.
De folhas em punho deitou-se sobre a poltrona. A temperatura delimitada rugiu um pouco de delírio sobre as cortinas empoadas. Para seu espanto não suportou com o peso das letras.
A estante agora fremia sobre o seu suor catedrático. Os candelabros oscilavam fumegantes. Já sem fôlego sucumbiu esgotado pelos gritos da ordem alfabética.
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