Caminhávamos ao som do aspirador. As bermas alternativas da estrada intrometiam-se na visibilidade, como pregos que invadem ranhuras, como estrelas que empurram o espaço.
Tínhamos os pés num crivo e as solas dos sapatos igualavam-se a um mapa astral.
A léguas, quilómetros, qualquer medida que vos ocorra de distância, o cume de uma estratosfera balançava num flutuante rochedo. Era nesse espaço, nesse ponto único que amansava todo o planeta, que o nosso destino residia.
Os pássaros abandonavam o ninho. O som do aspirador permanecia.
sábado, 28 de janeiro de 2017
domingo, 1 de janeiro de 2017
Texto para uma forma esférica
A forma sem rosto espalha-se ao longo da folha de linhas. Parece que dança. Não faz movimento absolutamente nenhum, excepto quando a própria folha se mexe.
As sombras caem sobre ela. Delicadas, projectadas a partir dos cantos mais longínquos das dobras, transmitem a simplicidade que a torna quase um monumento de pedra. Mas é apenas papel.
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