terça-feira, 7 de abril de 2015

Reflexões para um Domingo de Páscoa.

Quatro e trinta e oito da madrugada. O chá ferve na chávena. A altas horas da noite desfaço torradas com a fileira de dentes que habitam a minha boca.
E é nestas horas de angustiante solidão e desesperante silêncio que, intercalando com as merendas nocturnas, penso nos climas de insatisfação que me proporciona a cidade quando nela é Domingo.
Aos Domingos batem as amarguras como batem as horas no sino da igreja. As ruas desertas e as lojas encerradas amplificam esse sentimento de desolação que meu coração acolhe.
Recordo-me de quem há muito abandonou o mundo físico. Penso no amor que migrou para outras geografias. Visualizo mentalmente o caminho mal planeado que tomou a minha estranha existência. E imagino um futuro de inquietações.
Deambula uma borboleta na sala. Deambulo eu na mais profunda tristeza. A borboleta voa, mas eu que não tenho asas caminho vagabundo na penumbra de Domingo. Foi Domingo. E não há Domingo nenhum em que não pense na morte. 

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