domingo, 21 de abril de 2024

A fuga ou a génese de um eco cosmológico

Se num momento o tempo parasse
sabias que nos moldes
onde me encontro
haveria um espasmo
um big bang inebriante
planetas dispersos na face

E nesse espasmo um universo
nessa face oculta esferas rochosas
capa dura ad astra
capa mole celeste
abertura ao abismo

sábado, 30 de março de 2024

Planisfério geral de uma carta aos astros

Uma cena mitológica
um contratempo místico
por tempo indeterminado ouvi
o fosso que nos separa

Uma imagem celestial desce
sobre a copa das árvores
e na vitrine
alternância

Debaixo da ponte
um encontro com a morte

sábado, 22 de abril de 2023

Retrospectiva carnal

Imensas máguas

unhas e dentes cravados na carne

numa penumbra facultativa

que oscila entre pedaços de orgãos

estilhaçados plenamente.


E no fervor dos ciúmes

abres uma garrafa de espumante.

Abres o corpo aos vermes

pútridas contorções amiúdes

e uma cadeira que gira sobre si

em gotejantes farpas de níquel.


Esquartejo o que te sobra

as mãos pelos pés

a boca

uma contorção gritante.


Filamentos nevrálgicos irrompem

atravessados

por uma barreira-dinamite.

Actos contínuos.

Actos de fé

e nitroglicerina.

sexta-feira, 21 de abril de 2023

Mensagem a um destino cheio de golpes

Um flyer carregado de mentiras

apareceu curvado

no banco do jardim.


Ao longe miragens e versos.

Perto o clandestino

toque de horas mortas.

E pelas ruas segregadas

sussurravam vórtices

de amargura.


Sei que me segues no Instagram

assim como sei

que a tua casa arde

no mais violento dos incêndios.

Um manto negro sobre a Terra

Valquíria

o teu nome sabe que sobre

a soberba platina gotejante

o teu manto cruel

e insensato

valquíria, cobre o plano terreno.


E sabes que junto a uma maré

plano edificado

junto aos juncos

junto aos troncos

junto à água

que passa, lenta

ensanguentada

a espada benze

a formação tríptica

dos laços de sangue

paranormais.


Aproximas-te do feno.

Abres a boca e devoras o mundo.

sábado, 15 de abril de 2023

O sopro. Consolação

Marchas imperiais

planetas manchados de pó estelar

curvas distintas, espaço dobrado


Roma curvada sobre o templo

onde praticavas os ritos

onde os ossos te adornavam

e o vento te soprava

um odor

a morte


Pilhas de cadáveres

encontram agora a esperança

vestes-te com as suas peles

Substrato flash drive

De ventos cromados

surge um barco

uma negra vela que paira


Na libertação

um terror

e grilhões prostéticos


golfos, estranhos mares

marés de sangue


Parede sintética no oceano

corpos digitais ligados

por USB-C