sábado, 30 de março de 2024

Planisfério geral de uma carta aos astros

Uma cena mitológica
um contratempo místico
por tempo indeterminado ouvi
o fosso que nos separa

Uma imagem celestial desce
sobre a copa das árvores
e na vitrine
alternância

Debaixo da ponte
um encontro com a morte

sábado, 22 de abril de 2023

Retrospectiva carnal

Imensas máguas

unhas e dentes cravados na carne

numa penumbra facultativa

que oscila entre pedaços de orgãos

estilhaçados plenamente.


E no fervor dos ciúmes

abres uma garrafa de espumante.

Abres o corpo aos vermes

pútridas contorções amiúdes

e uma cadeira que gira sobre si

em gotejantes farpas de níquel.


Esquartejo o que te sobra

as mãos pelos pés

a boca

uma contorção gritante.


Filamentos nevrálgicos irrompem

atravessados

por uma barreira-dinamite.

Actos contínuos.

Actos de fé

e nitroglicerina.

sexta-feira, 21 de abril de 2023

Mensagem a um destino cheio de golpes

Um flyer carregado de mentiras

apareceu curvado

no banco do jardim.


Ao longe miragens e versos.

Perto o clandestino

toque de horas mortas.

E pelas ruas segregadas

sussurravam vórtices

de amargura.


Sei que me segues no Instagram

assim como sei

que a tua casa arde

no mais violento dos incêndios.

Um manto negro sobre a Terra

Valquíria

o teu nome sabe que sobre

a soberba platina gotejante

o teu manto cruel

e insensato

valquíria, cobre o plano terreno.


E sabes que junto a uma maré

plano edificado

junto aos juncos

junto aos troncos

junto à água

que passa, lenta

ensanguentada

a espada benze

a formação tríptica

dos laços de sangue

paranormais.


Aproximas-te do feno.

Abres a boca e devoras o mundo.

sábado, 15 de abril de 2023

O sopro. Consolação

Marchas imperiais

planetas manchados de pó estelar

curvas distintas, espaço dobrado


Roma curvada sobre o templo

onde praticavas os ritos

onde os ossos te adornavam

e o vento te soprava

um odor

a morte


Pilhas de cadáveres

encontram agora a esperança

vestes-te com as suas peles

Substrato flash drive

De ventos cromados

surge um barco

uma negra vela que paira


Na libertação

um terror

e grilhões prostéticos


golfos, estranhos mares

marés de sangue


Parede sintética no oceano

corpos digitais ligados

por USB-C

Netmask alpha

Silêncio moribundo

a vida num fio da navalha

morte ensanguentada prestes a eclodir


Preso por arames

um vaso oscilante de matéria

em carne viva

em carne visceral

pedaços de vida cyborg


Ligações sub-cutâneas perfuram

uma rede neural de instintos primários

IP diluído em voláteis ideias.